Achamento do Brasil: redescobrindo o “descobrimento”

Em abril, nosso país celebra duas datas importantes para a sua história: o Dia dos Povos Indígenas (19) e o chamado Dia do Descobrimento do Brasil (22), nomenclatura que poderia muito bem ser substituída por Dia do Achamento do Brasil para respeitar os povos originários.

Mas por que “achamento do Brasil”?

O grande problema da terminologia “descobrimento” é que, em 22 de abril de 1500, a chegada dos portugueses não se deu em um território completamente desconhecido.

Do ponto de vista europeu, os portugueses sabiam que existia uma terra a ser conquistada do outro lado do Atlântico e que, muito provavelmente, ela já era habitada, visto que os espanhóis haviam chegado anteriormente à América e confrontado povos originários. As expedições marítimas de Pedro Álvares Cabral eram um projeto, não navegações feitas por acaso, não à toa o Tratado de Tordesilhas (documento que dividia os novos territórios entre portugueses e espanhóis) havia sido firmado em 1494.

Pensando do ponto de vista americano, a discussão se torna mais delicada: o solo tupiniquim abrigava dezenas de povos. Um “descobrimento” considera apenas a visão europeia, dos que visitavam a terra pela primeira vez, e desconsidera quem já a conhecia. 

Indo além daquele dia em 1500, a história dos indígenas passou por inúmeras violências por parte dos europeus e de seus descendentes, incluindo preconceitos, abusos, escravidão e genocídio. Continuar reproduzindo o termo apenas reforça o apagamento das culturas e dos povos indígenas no Brasil, algo feito por séculos, desde a chegada dos portugueses nesse território. 

“Achamento do Brasil” seria, portanto, uma solução de nomenclatura. Com menos romantização da história, mostra o marco inicial de um grande processo de conquista do Brasil, com guerras entre europeus e indígenas, dominação e imposição cultural.

Vamos preservar a cultura indígena?

A partir dessa reflexão sobre o achamento do Brasil, também conseguimos perceber que uma data que celebre os povos originários é importantíssima. Na escola e em nosso dia a dia, é necessário falar sobre o legado desses povos para a história do país, reconstruir sua trajetória (que, em tempos passados, foi deixada de lado) e, ainda, preservar essas pessoas e as suas tradições.

A boa notícia é que existem historiadores e escritores obstinados a lutar contra o apagamento das culturas e dos povos indígenas no Brasil, estudando sua história e compartilhando conosco o conhecimento.

Livros para conhecer o legado indígena

Lendas indígenas

Por meio da obra, Antoracy Tortolero Araújo nos conta belas lendas da mitologia americana, explicando a origem de quase tudo no mundo. Uma imersão nos ensinamentos e na tradição dos povos originários.

Cordelendas

O autor César Obeid e a ilustradora Nireuda Longobardi mesclam dois elementos formadores da cultura brasileira: a literatura de cordel e as lendas indígenas. Uma oportunidade de ver o mundo com olhos cheios de poesia!

A cura da Terra

A autora Eliane Potiguara nos fala de Moína, uma menina curiosa, de origem indígena, que adora ouvir histórias da avó. Assim, ela reconhece o sofrimento pelo qual seu povo passou, a sabedoria de seus ancestrais e as formas de preservar a Terra.

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