Pega a visão! O poder do mito

Pega a visão! Se liga que o presente é coisa do passado! Um monte de histórias inspiradas em outras tantas, com dicas de Penélope Martins.

“Olha pro céu, meu amor!”

Talvez você conheça uma canção que fale do céu e das estrelas, talvez seja fácil listar várias canções como essa, mergulhos no espaço distante, o encantamento pelo mistério. 

Não por acaso, canções que olham para o céu falam de amor, desfiam desilusões e projetam luzes à espera de compreensão. E seguimos em busca. Mas, o que buscamos?

Há um milagre profundo em observar a vida cósmica, o que explica o sucesso mundial da série cinematográfica Guerra nas Estrelas, por exemplo. Aliás, o diretor dessa série, não sei se você sabe, era fã confesso de um escritor e grande pensador muito conhecido por uma entrevista que virou livro.

Pega a visão! Já ouviu falar da obra O poder do mito?

Mito, essa palavra de origem grega… onde cabe labirinto, Minotauro, e uma infinidade de criaturas de múltiplas cabeças, das mais variadas culturas. Hoje em dia também é gíria e até serve de meme, com verbo manifestado:

– Taí, esse sujeito mitou!

Joseph Campbell é responsável por profundas reflexões sobre o fascinante poder do mito. Esse escritor norte-americano, nascido em 1904, cresceu em Nova Iorque e era completamente encantado pelas culturas de povos originários. 

Foi no Museu de História Natural de Nova Iorque que ele acessou pela primeira vez os elementos necessários para instigar sua pesquisa de vida: os estudos comparativos entre as mitologias dos povos.

Na faculdade, iniciou sua vida acadêmica em biologia e matemática, transferindo-se, mais tarde, para os estudos literários, preservando especial interesse em narrativas míticas (como a jornada do herói) e na potência da oralidade, ou seja, na arte de contar histórias.

Isso explica a imensa capacidade de Joseph Campbell seduzir seus ouvintes e leitores. Digo ouvintes porque, felizmente, arquivos como os da entrevista concedida ao jornalista Bill Moyers estão à disposição para todos nós, em plataformas virtuais, para aprendermos a refletir sobre a existência humana e suas relações sociais com Campbell.

Durante a longa entrevista que deu origem ao livro O poder do mito, o pesquisador nos instiga a pensar conexões entre os contos de tradição popular e o pensamento filosófico argumentativo, sendo ressaltado por ele a relevância de todos esses saberes para o esclarecimento, assim como todos são igualmente essenciais para equalizarmos questões contundentes, como a mortalidade e a continuidade da vida.

Aproveite para salvar esse vídeo e buscar por outras partes dessa entrevista icônica: 

Lendo o mundo nas entrelinhas: o mito e nós mesmos

O mito permanece mito por sua relevância, porque essas histórias atravessam gerações e dialogam entre culturas distintas, encontrando elos nos mesmos questionamentos e em arquétipos e alegorias que nos ajudam a conectar a própria existência à existência do grupo ao qual pertencemos, chegando a uma ideia mais complexa de humanidade. 

Parafraseando as palavras de Campbell, os mitos continuam presentes em nós, porque o desenvolvimento humano é permeado por fases de transição, e as histórias antigas nos ajudam a pensar tanto como outras pessoas conseguiram atravessar as dificuldades, como o quanto é valioso aprender a contemplar esse processo de autoconhecimento em consonância com a natureza.

É muito clichê repetir frases como “nunca foi tão necessário o autoconhecimento”, já que isso é inerente à existência. Mas, mesmo utilizando uma pitada de clichê, todos nós podemos perceber esse tempo em que vivemos como um momento de ruptura para algo ainda indefinido, caos de uma ordem não concebida, transformações profundas e dolorosas.

Para lidar com isso, nada melhor do que recorrer às histórias e percorrer essa longa travessia no tempo da humanidade, apaziguar a ansiedade tipicamente humana por uma única resposta e viver com coragem a superação do medo.

Veja também: Pega a visão! E vamos de cosplay

Cai dentro!

Platão usa a alegoria de uma caverna para explicar como o filósofo e educador pode guiar as pessoas para o conhecimento. Dentro de uma caverna, onde as sombras são tomadas por realidade, há um estado de acomodação, embora exista o medo. Esse “conforto” no estado de ignorância pode explicar reações violentas às transformações. O mito da caverna está no livro VII da obra A República de Platão, escrita por volta do ano 380 a.C. 

Se você curte quadrinhos, experimenta pesquisar o personagem Piteco, de Maurício de Sousa, e a história “Sombras da Vida”. Você vai se surpreender com o poder do mito.

Se liga nas prateleiras da nossa biblioteca

Conheça a obra “Uma escada de areia até o céu“, de Dilan Camargo, com ilustrações de Nat Grego. Nessas histórias, distribuídas como uma viagem no tempo, as palavras conectam nossas capacidades de sonhar, imaginar, pensar e realizar o que somos no mundo.

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@livrissimo Prepare-se para uma viagem ao passado com um toque de futurismo! 🌌 Neste texto da coluna "Pega a Visão", a autora Penélope Martins nos apresenta as inovações visionárias de Júlio Verne, um dos grandes mestres da ficção científica. 📚 Confira em: https://bit.ly/3NQwYCb #Livríssimo #PegaAVisão #JúlioVerne #FicçãoCientífica #FYP ♬ som original – Livríssimo
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