Brincalelê! Nossa família inventadeira de histórias. Histórias que viram brincadeiras, brincadeiras que viram histórias e alegrias, com dicas de Penélope Martins.
Quem precisa das crianças?
É muito comum associarmos as crianças aos cuidados que elas precisam. Quando são bebês, até enquanto dormem é preciso uma vigília para garantir sono tranquilo, sem pernilongos, sem engasgos, sem febre noturna, sem fome, sem qualquer risco ou perigo que possa prejudicar sua fragilidade aparente.
Mas quem precisa da criança?
Precisar é um verbo que indica necessidade. Todos precisamos de água potável e de alimentos, por exemplo. É inquestionável que necessitamos de acesso aos produtos de higiene pessoal e saneamento básico para garantir melhor saúde.
(E quantas vezes nos dirigimos às pessoas que plantam, colhem, tratam e limpam para agradecê-las e valorizá-las?)
Além de carecermos de uma série de coisas materiais para a manutenção da vida, acertamos ao dizer que precisamos de educação, cultura e amparo afetivo, inclusive porque o corpo humano é regulado por hormônios produzidos por nossas sensações.
Será mesmo que precisamos de tanta gente para vivermos plenamente? Mas e as crianças, nós precisamos delas também?
Se queremos integrar uma sociedade mais fraterna e justa, precisamos muito das crianças. Primeiro, porque elas nos educam a cuidar, e assim entendemos que é preciso cultivar tolerância e perseverança. Segundo, porque com as crianças temos oportunidades de brincar, o que certamente precisa de afeto.
Que tal inventarmos juntos uma brincadeira com as crianças para vivermos uma experiência preciosa de mútuo cuidado? Vamos lá…
Brincalelê! Caminhada ilustrada
Separe uma bolsa com material de desenho para você e sua turma. Pode incluir lápis de cor, papel sem pauta avulso ou em caderninhos. Ah, você também pode levar garrafa de água para se hidratar e frutas para quando bater uma fominha.
Agora explique a regra do passeio para as crianças. Vocês vão precisar fazer um circuito a pé, observando os arredores e identificando pessoas desconhecidas que fazem algum tipo de trabalho essencial para a vida da gente. Se for possível, entreviste algumas delas.
Mãos à obra: use o espaço público para desenhar essas pessoas que vocês observaram ou conversaram. É bom procurar um banco ou um gramado de praça para se sentar nesse momento do desenho. Não se esqueça de escolher uma sombra caso seja um dia de sol, porque o calor pode desidratar você e as crianças.
Depois do desenho, coloque o nome da pessoa e escreva uma nota para não se esquecer do passeio ilustrado.
Repita outras vezes, descobrindo novos caminhos. E lembre-se: a gente precisa de gente, sempre. A gente precisa até de quem a gente não conhece. Por exemplo, eu estou aqui para escrever essa brincadeira, mas preciso que você e as crianças se divirtam.
Bom passeio!
Nossa dica de leitura
Sabe aquele rapaz que recolhe o lixo da sua rua? E aquelas pessoas que varrem as calçadas? Você já imaginou sua vida sem a presença delas?
Conheça o livro “Entrega”, de Rima Awada Zahra, com ilustrações de Lucas Lopes, uma narrativa poética que percorre os caminhos do reconhecimento e da valorização de muita gente que parece ser invisível aos olhos de muitos.
