Como lidar com o medo infantil por meio da leitura?

Todo mundo já foi criança e se recorda das delícias da infância, como comer na casa da vovó ou brincar com os amigos na rua. Também existem as situações em que nos lembramos de algum medo infantil que tínhamos e, hoje, até rimos disso julgando que era inofensivo e inocente.

No entanto, quem tem filhos pequenos sente de perto a intensidade dessa angústia e insegurança do ponto de vista das crianças. O medo infantil é coisa séria, merecendo ser tratado de forma respeitosa pelos mais velhos. Nós podemos ajudar os pequeninos a lidarem com seus temores.

Medos infantis mais comuns

Para os bebês, as principais razões de incômodo são físicas, como barulhos e tremores fortes e estímulos intensos. Conforme o indivíduo toma mais consciência de si e do que está ao seu redor, a próxima inquietação abrange o distanciamento dos pais e pessoas em quem confiam, ficando agitados quando estão com alguém considerado estranho, o que inclui também pessoas conhecidas fantasiadas ou disfarçadas.

Nas próximas etapas da infância, é comum ver crianças com medo de altura, objetos e animais grandes, escuro, tempestades e do que pode provocar lesões corporais, como injeções e vacinas.

A partir dos cinco anos, os medos infantis também passam a se relacionar com temáticas mais abstratas, resultado das suas percepções sobre histórias vividas ou contadas. Isso abrange o pavor por seres sobrenaturais, ladrões, morte ou adoecimento dos pais e de pessoas ou animais amados. Perceba, nada disso diz respeito a algo que realmente está acontecendo no momento, mas à insegurança de que isso pode ocorrer com eles, porque já aconteceu com alguém que conhecem ou com uma personagem.

Da pré-adolescência em diante, os temores se relacionam com o desempenho escolar, a rejeição social e a aparência física, provocando muita insegurança e até mesmo o isolamento.

Como pais e responsáveis podem lidar com o medo infantil?

Identifique o medo

Antes de tudo, é preciso que pais ou responsáveis identifiquem se a criança está assustada, visto que os pequenos ainda não possuem a desenvoltura para expressar isso com palavras. Elas podem chorar, permanecer em silêncio ou demonstrar resistência, o que nem sempre é de maneira física, afastando um objeto ou fechando os olhos para não vê-lo.

Pensemos em uma criança com medo de escuro, por exemplo. Ela pode inventar que não tem vontade de ir ao banheiro para evitar passar por um corredor escuro, mesmo que suas perninhas estejam balançando em sinal de que está muito apertada.

Não diminua ou ridicularize o medo infantil

Às vezes, acabamos julgando alguns temores como bobos e não percebemos que os desvalorizamos na frente da criança, colocando-a em uma situação constrangedora. Por exemplo, quando o filho diz que está com medo de dormir sozinho e o adulto só responde “isso não é nada, volte para seu quarto”, sem desenvolver uma conversa esclarecedora. Evite esse tipo de atitude.

Além disso, nem pensar em fazer chacota ou rir de qualquer preocupação que a criança transpareça!

Não estimule temores

Também existem as vezes em que somos nós mesmos quem amedronta o pequeno sem perceber. Mesmo que a intenção seja boa, como protegê-lo de um perigo, contamos histórias exageradas, afirmando que eles vão se machucar mais do se machucariam ou que uma catástrofe pode acontecer. Isso é prejudicial, procure colocar limites de maneira tranquila e realista. 

Incentive o filho a superar o medo com equilíbrio

Assim como a situação não deve ser diminuída ou desvalorizada, não é saudável contribuir para a manutenção do medo ao reforçar que se trata de algo realmente assustador e paralisante.

Pais ou responsáveis necessitam conversar aberta e empaticamente sobre o medo, explicando que é algo normal da vida e esclarecendo como a situação assustadora funciona. Se a criança não gosta de trovão, ensine como eles se formam; se ela tem medo de injeção, avise que a musculatura tensa apenas intensifica a dor, por isso ela precisa relaxar.

Não deixe de citar medos da sua infância já vencidos para que ela perceba que é algo natural e reversível. Além disso, conte a história de outras pessoas ou personagens que superaram seus temores, explorando a literatura infantil como sua aliada. Com isso, você estimula que o pequeno supere o medo de forma equilibrada, ou seja, sem obrigá-lo a encarar a situação nem o superprotegendo.

Livros infantis que abordam o medo

Ler histórias de superação com seu filho vai ajudá-lo a se sentir acolhido e perceber que medos não são para sempre. Confira esses títulos que preparamos!

Quem tem medo?

De forma lúdica e com ilustrações divertidas, a autora mostra aos pequenos leitores que até os seres que parecem ser mais malvados e bravos também podem ser simpáticos.

O banho de cores

O medo e as tristezas não podem ser lavados da alma do mesmo jeito que limpamos a sujeira e o suor com água e sabão. Por isso, Cora inventou o banho de cores! Uma forma lúdica para as crianças aprenderem a lidar com seus sentimentos negativos.

Luz de dentro ou de fora

Enquanto o menino Vitor não gosta do escuro e só quer dormir de luz acesa, o vaga-lume Lume fica com sua luzinha fraca toda vez que sente medo. Por meio dessas duas histórias, a escritora mostra como o medo pode se tornar força interior quando superado.

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