O que é essa tal sensibilidade? É comum dizermos, até mesmo com boa intenção, que uma pessoa sensível é frágil, porque ela não esconde emoções que muitas vezes temos vergonha de demonstrar, como medo, tristeza e angústia. Mas não, sensibilidade não é fragilidade.
Também existem os mais radicais, que ousam dizer que quem demonstra seus sentimentos é fraco, porém essa definição está completamente equivocada. Por que sorrir, gargalhar e demais manifestações de alegria são aceitas pela sociedade, enquanto chorar é criticado?
São perguntas com respostas difíceis de se encontrar, mas o segredo da resposta está, na verdade, na reflexão para que cheguemos até ela.
O que é sensibilidade?
O dicionário de língua portuguesa Priberam possui algumas definições para sensibilidade. A mais simples é “faculdade de sentir”, ou seja, a capacidade de termos emoções e sensações. Vendo assim, parece até fácil conceituar essa palavra…
Adiante, encontramos outras definições. Uma tida como figurada diz “sentimento de humanidade, de compaixão”, outra afirma “suscetibilidade, disposição para ofender-se ou melindrar-se” (uau, essa última soa um pouco dura). São definições bem distintas, nem parece que estamos analisando a mesma palavra – e pasmem: ainda há uma definição para ela na Física!
Por aí, percebemos que entender a sensibilidade não é simples. Se a palavra já causa esse alvoroço, imagine compreender as emoções em nós. Para alguns, a sensibilidade carrega benevolência, enquanto que, para outros, é fragilidade ou fraqueza. Isso faz com que algumas pessoas escondam que choram com filmes e livros emocionantes ou em cerimônias de casamento.
Mas será mesmo que ser dotado da faculdade de sentir é algo negativo? Mostrar a delicadeza dos nossos sentimentos não seria algo humano? Não à toa, quem não os demonstra abertamente é popularmente chamado de “frio” ou “pedra” – e talvez esse indivíduo só não esteja demonstrando seus sentimentos para você.
A sensibilidade pode ser um sinal de confiança, já que muitas vezes só nos sentimos confortáveis em revelar emoções mais profundas com pessoas próximas que amamos.
Como lidar com a sensibilidade?
Quem é jovem provavelmente já passou por situações em que seus sentimentos foram calados ou repreendidos. Esconder uma vulnerabilidade para se sentir parte de um grupo, chorar sozinho se lembrando de algo ou ter escutado a tão repetida frase (que atravessa gerações) “engole o choro” são situações que todos nós já vivenciamos.
Contudo, são os sentimentos que moldam nossa personalidade e nos fazem únicos. Quem não tem um amigo conhecido por ser alegre, que conta muitas piadas? Outro por ser preocupado, sempre estudando e apreensivo de não ir bem nas provas. E ainda aquele com um certo ar melancólico, que gosta de escutar músicas profundas.
Isso mostra que a melhor maneira de lidar com a sensibilidade é aceitando-a, sem ter receios de demonstrá-la. Qualquer sentimento é válido: felicidade, tristeza, medo, compaixão, raiva, gratidão, remorso, decepção, diversão, preocupação, afeto… Há muitas possibilidades de sermos nós mesmos!
E, claro, isso é um convite para você aceitar os sentimentos dos outros também. Não vale julgar um colega dizendo que garotos não choram ou sentem medo, nem uma colega alegando que drama é típico de garotas. Todos sentimos, todos devemos ter espaço para sentir, então não caia na cilada de classificar os sentimentos alheios com estereótipos.
Livros emocionantes que mostram que sensibilidade não é bobeira
A literatura juvenil cumpre um papel muito importante: nos lembrar de que adolescentes não precisam silenciar o que sentem. Além do entretenimento, belas histórias despertam sentimentos sublimes em nós, como a compaixão. Assim, refletimos sobre a situação dos outros e exercitamos a empatia, uma capacidade fundamental na vida em sociedade.
Um bom exemplo é o livro “Entrega”, de Rima Awada Zahra. A autora fala sobre as pessoas com profissões essenciais para a sociedade, mas que, ainda assim, frequentemente não são reconhecidas ou são, até mesmo, desprezadas. São profissionais que organizam, limpam e salvam vidas, pessoas que merecem nosso agradecimento.
A sensibilidade também é refletida em “Uma escada de areia até o céu”, de Dilan Camargo. Passando por contos sobre o ontem , o hoje e o amanhã, o autor fala sobre o que fomos, quem somos agora e as possibilidades imprevisíveis do futuro. Uma viagem no tempo!
E como a adolescência tem tudo a ver com sensibilidade, indicamos “Sentimentos: achados e perdidos”, de Guilherme Karsten. A obra aborda as dificuldades e o amadurecimento que esta intensa fase da vida nos proporciona, além de provar que, na verdade, oportunidades de amadurecimento surgem para todas as idades.
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Ufa! Realmente é difícil definir o que é sensibilidade. Mas sabemos que, mesmo tão nebulosa, ela move os seres humanos individual e coletivamente. Ela faz com que sejamos autênticos. Ela cria relações afetivas e desenvolve a empatia. Algo bem diferente da fraqueza.