Brincalelê! Nossa família inventadeira de histórias. Histórias que viram brincadeiras, brincadeiras que viram histórias e alegrias, com dicas de Penélope Martins.
Ensinar sobre felicidade não é fácil
Felicidade é uma palavra grande não só pela quantidade de letras, mas pelos sonhos que cabem dentro dela. Quando a gente é criança, felicidade também é correr sem ter ninguém que nos possa segurar. Deve ser por isso que os lugares sem paredes são tão bonitos: mata, praia, cachoeira, rio. E essa sensação fica para sempre, um horizonte sem limites, uma vontade de seguir em frente e ultrapassar todos os limites.
Imaginar é verbo essencial para conhecer a felicidade. No entanto, existem perigos que deverão ser enfrentados desde sempre na vida. Cuidar de criança é uma coisa bem difícil porque, mesmo para quem deseja ensinar a ser feliz, é preciso alertar sobre o que não se pode fazer. E é por causa disso que as paredes começam a existir e a crescer.
Por exemplo, quando a criança vive um estado pleno de felicidade e não quer parar de brincar nunca, mas os adultos que cuidam dela estão exaustos, o jeito é emparedar. Tem hora que a gente precisa descansar, ir dormir, preparar disposição física para o dia seguinte. Reconhecer esse limite talvez coloque uma barreira na ideia de felicidade.
E como a felicidade é uma palavra grande em que cabem todos os sonhos do mundo dentro, a gente precisa conversar sobre esse espaço do querer da gente no querer do outro.
Só não podemos desistir!
Desistir de entender o que é e como teremos felicidade deve estar fora de cogitação, sempre. Então, para que a gente possa cuidar de nossas crianças, de nós mesmos e de nossos sonhos, que tal pararmos mais tempo diante da palavra felicidade? Que tal reconhecermos nossos medos, nossos anseios, nossos desejos e nossos limites?
Nossa sugestão é voltar para a origem, sentir-se parte da natureza, estender uma toalha na grama, tirar os sapatos quando existirem sapatos para tirar, deitar de barriga para cima para olhar o céu e navegar os pensamentos.
Uma brincadeira divertida pode ser procurar formas nas nuvens: um coelho, uma mão, uma serpente, um peixe. Mas, se chover, não acredite que isso seja uma parede para impedir a felicidade. Tomar banho de chuva é uma delícia para continuar em busca da alegria.
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Brincalelê! Receitinha de Felicidade
Que tal preparar uma lista de coisas que aumentam a felicidade com toda família? Estimule todo mundo a escrever as palavras que consideram ser felizes no papel. Os desenhos são bem-vindos para representar esse estado de felicidade.
Separe um papel encorpado, como papel kraft, cartolina, ou alguma embalagem grande de papelão que pode ser reciclada. Proponha montarem juntos uma colagem com essas palavras e desenhos, uma receitinha de felicidade. Ficará muito lindo acrescentar fotos de momentos marcantes que viveram.
Para moldura, você pode usar outros materiais reutilizáveis, como restos de tecido, tampinhas e botões, lantejoulas, o que quiser. Separe um cantinho da casa para instalar essa obra de arte para que todos se lembrem de que, apesar dos nossos limites, é preciso cuidar de brincar, conversar, ouvir música, conhecer lugares novos, fazer coisas simples juntos, descansar e se alimentar de boas histórias.
Nossa dica de leitura
Dois velhinhos visitam as crianças que vivem ao longo dos rios da Amazônia para levar felicidade. Eles levam histórias, alimentam a todos com mangarataia, cacau, banana. Levam bonecas de sabugo de milho, cata-ventos e outros brinquedos. Será que essa história lembra a gente de outras mais?
Conheça “Hary e Karimã”, um texto de Yaguarê Yamã com ilustrações de Wanessa Ribeiro, e prove um bocado de felicidade.