Brincalelê! Nossa família inventadeira de histórias. Histórias que viram brincadeiras, brincadeiras que viram histórias, com dicas de Penélope Martins.
Interpretação de texto para crianças
De grão em grão a galinha enche o papo e quem conta um conto aumenta um ponto, então, cada pedaço de informação forma uma história, mas cada pedaço é inventado por quem conta e, assim, o que se sabe pode nunca ser exatamente o que aconteceu. O fato e o trato formam uma dupla dinâmica para compreendermos o mundo. Podemos nomear isso como interpretação de texto.
É importante ler junto, conversar sobre e deixar que as crianças façam parte dessa roda de troca e expressão de opiniões, porque elaborar ideias e sentimentos é como brincar o jogo da cama-de-gato: um enfrentamento de desafios.
Por sua vez, a literatura carrega essa dinâmica do esconde-esconde com as palavras, uma brincadeira que avança e retrocede no tabuleiro enquanto lança dados que contribuem para nossas reflexões.
Quer ver um exemplo de como essa linguagem estimula a tradução e potencializa a interpretação que temos sobre as próprias experiências?
Era uma casa muito engraçada…
Lembra do poema e canção de Vinícius de Moraes que começa a contar a história de uma casa muito engraçada? Tenho certeza que você sabe esse poema de cor. Pois bem, quantas vezes já ouvimos uma teoria sobre a casa do poema ser uma barriga gestante onde um bebê habita sem teto e sem chão?
É fácil aceitar que a casa de número zero é o ventre materno, mas será que foi essa a motivação para o poema? O melhor passe de mágica do conhecimento é a pesquisa, esse processo de constante descoberta que pode e deve ser bem divertido.
Sabe-se que o poeta Vinícius de Moraes teria visitado a Casapueblo, em Punta del Este, no Uruguai, antes de escrever seu poema. Há uma história em que o poeta, ao contemplar aquela edificação, teria feito os primeiros versos para uma casa engraçada.
Na década de 1980, Vinícius de Moraes compôs o álbum A Arca de Noé com seus poemas musicados, e “A casa”, entre eles, fez um enorme sucesso. Na verdade, faz até hoje.
Aqui entre nós, não importa qual foi a razão que fez o poeta escrever seu poema, o que ficou gravado na memória de tantas gerações foram seus versos cantados.
Brincalelê! Convide as crianças para histórias
As histórias se misturam e todas as suas versões, mesmo as inventadas, são relevantes para ampliar o imaginário.
Assim, convidar as crianças para escutar música, ler poesia, atiçar a curiosidade, construir brinquedos, são ações fundamentais para gestar a arte na vida cotidiana, criando meios para desenvolvimento humano pleno, tanto intelectual quanto emocionalmente.
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Brincalelê! Vamos construir uma casa poética?
Agora é mão na massa! Ou melhor, no papel!
- Uma embalagem de papel na cozinha que pode servir como matéria-prima de construção. Eu utilizei uma caixa de filtro de café. Primeiro desmonte a caixa, abrindo-a completamente.
- Também vamos precisar de tesoura e cola.
- Prepare quatro quadrados do mesmo tamanho. Desenhe neles uma porta e janelas para recortar. Use papéis coloridos para enfeitar, sanfonar esse papel pode garantir um movimento de cortina, por exemplo.
- O telhado é a parte mais criativa: invente, afinal, a casa era engraçada, não é? O telhado da minha casa eu fiz com o que restou da embalagem, uma tira de papel na medida da largura de um quadrado.
- As paredes da casa podem ser pintadas, desenhadas ou escritas com poesia.
- A casinha de papel pode ser utilizada de diversas maneiras, use sua criatividade e tenha muito orgulho de sua primeira construção!
Nossa dica de leitura
Leia a natureza com “Uma casa para dez”. Você vai adorar esse poema delicioso de Caio Riter que enche e esvazia uma casa com habitantes inusitados. A obra foi ilustrada por Graça Lima.