O ano de 2023 bateu o recorde da temperatura global, e a notícia ruim é que cientistas esperam que em 2024 aconteça o mesmo. Desenvolver consciência ambiental, o que há muito já era uma necessidade, se tornou uma emergência.
Na escola, em casa ou no trabalho, o assunto precisa estar na “boca do povo” para repensarmos nossa relação com o meio ambiente. Assim, a educação ambiental para crianças vai além do conteúdo escolar, ela começa com a família.
O que é consciência ambiental?
Trata-se da compreensão sobre os reflexos das atividades humanas no meio ambiente, ativando a preocupação em adotar hábitos que preservem os recursos naturais. O processo de despertar da consciência ambiental permite ao indivíduo entender o impacto de suas ações e do coletivo em pequeno, médio e longo prazo, em escala local e global, questionando-se sobre o que pode ser melhorado.
Como exemplo, basta pensarmos na geração de lixo. Algo que é de curto prazo – o saco na casa até que o caminhão do lixo o colete – passa a ser de longo prazo quando percebemos quanto tempo o plástico demora para se decompor. O aterro sanitário mais próximo pode ser na cidade ou mesmo em uma outra nas redondezas. E quando o aterro estiver cheio, o lixo é encaminhado para onde? Um problema local se torna regional.
As imagens do cemitério de roupas no deserto do Atacama são assustadoras… Como tudo aquilo vai parar ali? Novamente, o problema alcança uma escala maior. E podemos ainda ir mais longe: todo o lixo é, realmente, lixo? Não poderia ser reutilizado ou reciclado? Ainda mais se considerarmos metais e recursos não renováveis.
Tendo esta consciência, percebemos que precisamos reduzir muito o consumo de certos produtos, fazer escolhas inteligentes na hora da compra e dar o destino correto para os materiais, pensando principalmente na sua circularidade. Não dá mais para colocar tudo em um saquinho plástico dentro de uma embalagem de plástico enrolada em plástico bolha dentro de uma sacola de plástico. Devemos pensar no que consumimos já considerando seu descarte.
Isso porque, acima de tudo, a consciência ambiental faz com que reconheçamos a interdependência entre os seres humanos e a natureza. Somos integrantes dos ecossistemas, afetando-os e sendo afetados por eles, não apenas espectadores. Assim, a função da educação ambiental para crianças é desenvolver essa consciência e lhes mostrar caminhos para a preservação do meio ambiente.
Dicas de preservação do meio ambiente para as crianças
Quando os jovens aprendem desde cedo a preservar a natureza, tendem a fazer escolhas mais sustentáveis à medida que crescem. Por isso, apresentamos sugestões de hábitos sustentáveis para a família e de brincadeiras envolvendo o tema com as crianças.
1. Crie brinquedos em casa
A ideia aqui não é comprar materiais para fazer os brinquedos: é utilizar o que já se tem em casa. Por exemplo, a escritora Penélope Martins confeccionou uma boneca com tecidos, linhas e botões que tinha na sua casa.
E todo o processo de criação pode ser acompanhado por uma boa conversa sobre consumo consciente.
2. Cultive um jardim ou uma horta
Na cidade grande, a natureza pode parecer distante, coisa para olhar nas férias. Ter uma horta ou um jardim em casa ajuda os pequenos a se sentirem próximos dela e percebem seus ciclos. A semente brotando, o caule subindo, as folhas caindo e renascendo, as mudas surgindo, as flores desabrochando, os frutos crescendo, os insetos e os pássaros se aproximando.
Para apartamentos, é possível criar um jardim vertical por meio de vasos nas prateleiras da sacada. Conforme a criança cresce, ela pode ajudar você cada vez mais a cuidar deste espaço.
3. Ensine sobre separação dos lixos orgânico e reciclável
Separar os lixos orgânico e reciclável permite a devida coleta e destino dos materiais, devendo já estar na rotina da casa. As crianças também devem participar desse hábito para desenvolver a consciência ambiental.
É importante explicar-lhes como separar o lixo, ensinando o que é plástico, papel, metal, vidro e resíduos orgânicos para que saibam diferenciá-los. Também é necessário chamar a atenção às pilhas, baterias e óleo de cozinha, rejeitos com descartes diferenciados.
Além disso, estimule os filhos a prestar atenção no seu lixo gerado, a tentar reduzi-lo e a descartá-lo adequadamente.
4. Economize água e energia elétrica e não desperdice alimentos
Mais do que pelas palavras, as crianças aprendem pelo exemplo. Economizar energia elétrica e água, além de não desperdiçar alimentos, são bons hábitos não apenas para a casa, mas também educação dos pequenos.
Não deixe luzes e aparelhos ligados à toa, não demore no banho nem utilize indiscriminadamente água na hora da limpeza. Se necessário, prefira fazer compras menores em vez de comprar grandes quantidades de alimentos (principalmente frutas e verduras) e não dar conta de comer tudo. E, claro, converse com a criança para não desperdiçar também.
Livros infantis que despertam a consciência ambiental
“A abelha Abília”, de Fernando Vilela e Flávio Alterthum, conta a história de uma abelha que sempre está voando por aí em busca de pólen e néctar para a sua colmeia, até que ela nota comportamentos estranhos na natureza. Uma narrativa sobre a importância do equilíbrio ambiental e do papel de cada um para o bem coletivo.
Outra dica são os livros do médico e autor infantojuvenil Leonardo Mendes Cardoso, que aborda bastante a preservação do meio ambiente.
Em “Planeta Terra – Nossa casa” e “Água – Fonte da vida”, ele destaca a necessidade de preservação dos recursos naturais, especialmente os finitos. Já em “Amanda no País da Consciência”, o escritor reflete sobre o descarte adequado do lixo para a não proliferação de doenças, como a dengue.
Para os adolescentes, recomendamos “Meu planeta, minha casa”, de Shirley Souza, uma reflexão sobre desenvolvimento sustentável. Uma empresa grande gera muitos empregos, mas pode poluir também. Então, os jovens dessa trama pensam sobre como conciliar preservação ambiental e negócios.